Julho 4, 2024

Comdema não recomenda a eliminação sumária das árvores da espécie Spathodea campanulata

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Em parecer, o Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente – Comdema) não aprova o Projeto de Lei 21/2024, de autoria dos vereadores Zezinho Pereira e Silvia Morales, que dispõe sobre a proibição de produção e plantio das árvores da espécie Spathodea campanulata e da obrigatoriedade da supressão e/ou substituição das árvores existentes em toda extensão territorial do Município de Piracicaba.

Pesquisas realizadas pelos integrantes do Comdema indicam que é prematura a decisão de eliminar tal espécie de forma sumária apenas com base nos estudos existentes, uma vez que há muitas dúvidas e controvérsias sobre o fator deletério da planta em relação aos insetos. A “Spathodea campanulata”, também conhecida como “Espatódea”, “Bisnagueira”, “Tulipa-do-Gabão”, “Xixi-de Macaco” ou “Chama-da-Floresta” é uma árvore da família Bignoniacea, de origem africana de grande porte, atingindo altura de 15 a 25 metros e diâmetro de 6 metros.

Para os vereadores, “Trata-se de uma árvore com belas flores, todavia, essas flores possuem alcaloides tóxicos que são letais para as abelhas e beija-flores que buscam seu néctar, para a produção de mel e como alimento, causando, assim, grandes malefícios à nossa fauna, eis que se trata de espécie invasora. Uma vez que os néctares dessas flores prejudicam abelhas e beija-flores, acaba causando um grande desequilíbrio ecológico na região e época de florada desta árvore, pois as abelhas, beija-flores e outras espécies de insetos e aves são os principais polinizadores de nossa flora, sem contar os prejuízos às pessoas que dependem da apicultura e meliponicultura como fonte de renda.

Já os ambientalistas do Comdema afirmam que uma análise geral dos artigos científicos que tratam do assunto demonstra que a Spathodea campanulata em determinada fase da sua florada possui potencial tóxico a algumas espécies de abelhas, entretanto, “não ficando claro se os efeitos são de componentes tóxicos presentes no néctar, ou a própria mucilagem da planta, que prendiam os indivíduos que morriam por não conseguir se desvencilhar”. Além do seu potencial medicinal elevado.

Eles citam teses e teses a respeito da espécie. Uma delas assinada pela doutora Adriana Flach, sobre ecologia química de Maxillariinae, Spathodea campanulata e Meliponiiae. A autora afirma que os extratos testados não se revelaram tóxicas para uma série de insetos testados. Sugere ainda a teoria do Dr. Volker Bithrich, que os insetos morrem afogados na tentativa de “roubar” o néctar, pois as paredes da flor são escorregadias, o que pode ser uma estratégia da flor contra ladrões, pois a mesma é polinizada por pássaros”.

Ou seja, “O potencial tóxico do néctar e pólen, indica ser um mecanismo de defesa da planta que produz tais substâncias visando evitar que sejam consumidas antes do período adequado de polinização. Posteriormente a esse período, com a abertura das flores, os artigos relatam que não há mais mortandade.”

Sendo assim, o parecer do Comdema afirma que a toxicidade do néctar e/ou pólen da Spathodea campanulata e outros que os estudos não demonstram tal efeito, é prudente que mais estudos sejam realizados para confirmar os verdadeiros efeitos. A conclusão é que não há estudos que avaliam os efeitos ecológicos da presença da Spathodea campanulata sobre a sobrevivência de colônia de abelhas, nem mesmo sobre os efeitos na polinização. Por isso, “é prematuro considerar a erradicação das árvores existentes. Considerando que há inúmeros trabalhos científicos que afirmam o potencial medicinal da Spathodea campanulata, não seria adequado a erradicação da espécie no Município, nem mesmo sua produção. Ou por ser uma espécie exótica, que essa produção seja regulamentada e monitorada pelo Município.

Com base no exposto, consideramos que o Projeto de Lei necessita ser revisto.”

O documento do Comdema é assinado pelo professor da Esalq/USP Marcos Y. Kamogawa, presidente do Comdema, e Demóstenes Ferreira da Silva Filho, livre docente da Esalq/USP.

Redação

Matéria produzida pela equipe do site Viletim.com.br

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