A ocasião faz a impostura, somente o impostor já nasce feito
O que o próprio governo federal tenta vender como verdade, traz consigo o embrião da delinquência
Acompanhar o noticiário nacional não é enfadonho, é apenas triste, quando não, causa estupor. O estímulo provocado pelo conteúdo das matérias que descem a rampa do Palácio do Planalto está no absurdo da mensagem e das análises dos mensageiros. O que o próprio governo federal tenta vender como verdade, traz consigo o embrião da delinquência. O leitor comum, como sempre, é obrigado a acreditar em si próprio, para também não enlouquecer, e se deixa levar, sempre ciente de estar sendo governado de uma casa de orates.
Até o STF, quando havia um ou outro ministro com qualidade textual, ou seja, mental, era apenas aborrecedor entender suas metáforas legais e seus exibicionismos jurisprudenciais nos diários impressos. Agora que os atuais supremos perderam completamente o eixo da coerência e se destrambelham publicamente em artigos expostos a céu aberto, nas redes virtuais, não sobra a menor margem para se esperar algo melhor do que ‘barrosices’. Até a possibilidade da inteligência alheia é aniquilada para quem se atreve a se aproximar da discussão.
Acho que nem é preciso falar de PIX e de Barroso. Está mais do que claro que o assunto pouco importa, uma vez que a credibilidade de quem traz a notícia é zero. Para tentar fugir do plano da delinquência, ou ainda, tentar dar ar de normalidade a tanto absurdo, palácio e supremo tentam forjar uma guerra sob a égide da ‘fake news’, expressão importada que tenta catalisar os malfeitos do governo e do supremo em uma espécie de Aleph borgeana, esse espírito do tempo que devora, na prática, todo bom senso que procurar se envolver.
Mas fica a frase irretocável: A ocasião faz a impostura, somente o impostor já nasce feito. É preciso escrever mais alguma coisa?