Algumas das minhas primeiras referências culturais, como locais que irradiam cultura como um farol do saber (ooooohhhh) foram o Sebo do Silas, as bancas de jornais lotadas de publicações da Editora Abril e a Biblioteca Pública municipal.
Em quarto lugar, o Jornal de Piracicaba editado por Losso Netto, mas deste falarei num texto vindouro (aprendi essa palavra numa crônica do Henrique Cocenza, no JP, por volta de 1987).
Na Biblioteca Municipal, as enciclopédias Barsa e Mirador forneciam as informações que explicavam a parte chata do mundo, e que serviam principalmente para os trabalhos recorta-e-cola da escola. Todos os outros livros eram mais legais, e eu devorei todos que podia, só não podia levar para casa os que tinham uma fitinha vermelha com o código “R”. Esses eram os livros que eu mais queria ler. Ficaram para mais tarde.
As bancas na época eram de jornais, e não de salgadinhos Yokitos, títulos de capitalização do hospital Boldrini ou droguinhas. A Editora Abril botava banca em todas as bancas. Da “Enciclopédia Abril” à “Enciclopédia Disney”, aos manuais Disney sobre esportes, história do dinheiro, imprensa (o “Manual do Peninha” foi uma referência séria nos cursos de jornalismo, fui saber depois. Num ambiente cultural indigente, como o brasileiro, uma publicação para crianças funcionou como manual de redação de jornalistas iniciantes), cultura por fascículos ou revistas baratas.
Baratas não porque ruins, baratas porque acessíveis. De “Medicina e Saúde” a “Os Pensadores”. E tinha o Almanaque Abril, uma enciclopédia de bolso. Mínimos, para começar. Não eram excelentes, nem no texto, nem na impressão, mas eram o começo, e foi o ponto de partida para muita gente.