Quando 'Pinscher' ganha a dimensão de panurgo
Não se trata aqui de parnasianismo aguado, como diriam os enxadristas do velho Viletim, mas de recordar o latinista Noedy Kraembuhl Costa
Vai longe o tempo em que havia pelo menos um vereador no Legislativo piracicabano capaz de dominar a retórica com frases sábias extraídas da última flor do Lácio, inculta e bela e fazer jus a Olavo Bilac. Não se trata aqui de parnasianismo aguado, como diriam os enxadristas do velho Viletim, mas de recordar o latinista Noedy Kraembuhl Costa.
Piracicaba vivia os anos 1940 ainda, tempo em que a briga pela prefeitura se dava entre Samuel de Castro Neves e Luiz Dias Gonzaga. Um médico populista e outro, fazendeiro, rei do cabresto eleitoral. Tempo em que os vereadores não ganhavam absolutamente nada para exercer a vereança. Talvez, algumas benesses.
Assim era formada a base aliada, a base do governo local, que tinha a função de dizer amém ao chefe. Até que, diante de uma exigência de Dias Gonzaga para não aprovar determinado projeto em prol da educação, o então vereador Noedy fugiu do cabresto e disse a verdade, sintetizada na seguinte máxima: “Estou entre um bando de panurgos tangidos por um almocreve.”