República é tudo aquilo que é meu
Como diria Raymundo Faoro, é uma questão de mentalidade, arcaica, incorrigível e entranhada no poder
De volta a 15 de Novembro. Da Proclamação da República, lá se vão 135 anos. Mas ainda hoje ressoa a profecia de Rio Branco, Barbosa e Nabuco. Qual era a premonição dos aristocratas do império? O declínio.
Quando os arruaceiros da caserna tomaram o poder, esses três grandes homens acima tentaram evitar o pior e acabaram aderindo ao novo regime, pelo bem do país. O cenário parecia melhorar depois da ação pacificadora de Prudente de Moraes, mas não foi por muito tempo. A gênese do processo era desvirtuada.
A porta do inferno, no entanto, foi aberta e a turba agitada. Inspirados nos jacobinos franceses, o desejo era por sangue e pela cabeça do imperador. Foi só mais uma oportunidade de mudança desperdiçada e o regime de exceção prevaleceu.
O Brasil não é para amadores. Entre o Império e a República, a escolha foi o Centrão. A aristocracia nacional hoje faz dinheiro fácil orientando o governo a lhe dar mais. E o povo? Quem?
Qual a distância que separa os aristocratas do Império dos aristocratas da República? Uma estrada muito longa, esburacada, que jamais será pavimentada, porque a obra, além de superfaturada, serve apenas como escoadouro de recursos públicos, que jamais chegará ao país dos sonhos dos grandes conselheiros.
O problema está no Império ou na República? Está nos homens que são os donos do poder. Como diria Raymundo Faoro, é uma questão de mentalidade, arcaica, incorrigível e entranhada no poder. Como sintetizar o conceito de República no entender de um Sarney Lira Pacheco de Mello: “República é tudo aquilo que é meu”.