Rua do Porto precisa de um choque de civilização
A sujeira acumulada nas sarjetas depois de cada dia de movimentação turística na orla é assustadora
A Rua do Porto sempre foi motivo de versos e prosas pela beleza natural do rio, especialmente em período de boa vazão, com as chuvas dando vida ao verde da paisagem, a luminosidade local, as aves pescando, os peixes saltando, o ondular das águas, barcos esparsos, enfim.
Mas é também motivos de muitas reclamações. Não é de hoje que os proprietários de restaurantes instalados na orla do rio reclamam da falta de uma política pública para o turismo ribeirinho.
O trânsito tornou-se um fator difícil de contornar. Inclusive, Luciano Almeida apresentou um projeto em que a rua Alidor Pecorari seria duplicada, onde estaria um gargalo para o fluxo intenso de motores nos finais de semana. A crítica à intenção do Executivo fez subir o tom do debate sobre o potencial turístico da Rua do Porto e o que precisa ser feito para potencializar essa grande atração da cidade.
Equilibrar turismo com preservação ambiental não é tarefa fácil e exige, mais do que boas ideias, experiência. Nesse sentido, o novo prefeito, que ajudou a modelar São Pedro, uma cidade essencialmente turística, parece estar dando seus primeiros passos em direção à Rua do Porto. O que vem dos bastidores é que ele se reuniu recentemente com os empresários do setor gastronômico para discutir possibilidades de ampliação da capacidade dos bolsões de estacionamentos e dar mais segurança ao local, sem ter que duplicar a Alidor, um trajeto bucólico, se observado com atenção em dias calmos, e que precisa ser preservado de alguma forma.
O que mais tem incomodado o pessoal que frequenta constantemente o calçadão, por exemplo, são carros e motos circulando por entre mesas, cadeiras e turistas, colocando em risco, inclusive, a segurança dos pedestres. Isso mesmo. Durante a semana, esses abusos pelo calçadão são comuns. Parece não haver consciência sobre a transgressão. Dizem tais frequentadores que os próprios empresários do local agem assim.
A Rua do Porto é um privilégio da cidade e precisa de cuidados especiais. Os turistas, no entanto, não medem esforços para emporcalhar o local com descartes irresponsáveis de copos, papéis, latas, etc., jogado a esmo, no jardim, no chão, na sarjeta. Sendo que parte desse lixo acaba sendo arrastado para o rio, com o vento e a chuva, poluindo ainda mais a paisagem.
Uma campanha de conscientização talvez ajudasse. Multas talvez ajudassem. Lixeiras temáticas e criativas talvez ajudassem. Policiamento no local talvez ajudasse. O que não dá é para continuar como está.
Nos finais de semana, o trânsito é infernal. Um passeio pela manhã no local e qualquer um pode ver o resultado de um dia de turismo e lazer. É sujeira sem fim. Quem tem dúvidas quanto a isso, pergunte aos profissionais da limpeza pública que fazem o trecho. É uma vergonha.