Um recado ao governo que entra: pense na própria mãe
A população tem muitos problemas corriqueiros que exigem solução prática e urgente
Longe de se esperar uma gestão ideal, que soa relativa em demasia, há ao menos a expectativa, por parte dos piracicabanos, de que Helinho Zanatta faça um governo honesto, focado na solução de problemas cotidianos. Já é um bom começo.
Evidente que todos os governos almejam no mínimo deixar uma marca. No entanto, há o risco de uma marca distorcer a realidade, ou mesmo, ignorar a complexidade dos problemas a serem resolvidos no geral em detrimento do um desejo do gestor.
Por mais que se vendam milagres em campanhas eleitorais, uma cidade como Piracicaba, pelo seu tamanho e complexidade, exige mais sensatez do que aventura, mais transparência do que estratégias para prolongar fantasias.
Há uma infinidade de fantasias de Luciano Almeida, como uma praça central revitalizada e integrada com a Rua do Porto, uma prefeitura com serviços virtuais, sem papel, que deem conta de toda a demanda burocrática da população, e por aí afora. São ideias válidas? Claro. Mas não são coisas que se fazem do dia para a noite e também não são a essência de uma gestão, que precisa caminhar desarmando armadilhas pelo caminho e suavizando o sofrimento da população.
A população precisa de um bom atendimento nos postos de saúde, com um sistema de senha, ao menos, que funcione, com médico no consultório da unidade para atendê-la. É um problema menor, mas que ainda não foi resolvido.
O Semae está repleto de problemas. Há falta de água, há falta de tratamento do lodo nas estações, há vazamentos pela cidade toda, seja de água ou de esgoto. São problemas corriqueiros, mas de solução primordial, que gritam pelo descaso oficial.
O lixo pela cidade é um escândalo. Em pleno período de Festas, é vergonhoso andar pela rua Governador à noite, com tanto lixo pela sarjeta e sacos de lixo pelas calçadas. Um centro escuro e sem atrativos, que não vale por um passeio familiar. Isso precisa ser resolvido urgente. É o tipo de cenário que deve se replicar por todos os corredores comerciais da cidade.
Daria para ir longe nessa conversa. Mas parece evidente que a lição de casa é colocar ordem no básico, para depois vender fantasia. Outra coisa que vale pontuar é a relação com a Câmara Municipal. Um Executivo que não conversa com o Legislativo está fadado ao fracasso. A palavra de ordem é transparência.
Os vereadores são fiscais do governo e precisam trabalhar com informações verdadeiras. O governo que não aceitar essa lógica, vai contra o óbvio e se estropia. Essa visão simples, o Helinho precisa ter. Uma gestão arroz-com-feijão e eficaz é muito mais marcante do que uma gestão fantasiosa, que vende ideias que não serão realizadas no curto prazo.
A população sente na hora, ao andar pela rua e dar de cara com o buraco, o quanto ela está abandonada pelo poder público. Imagine a mãe de quem que está em jogo quando o motorista sente o solavanco de um buraco no asfalto e seu carro se desalinha? O prefeito tem que pensar na própria mãe quando inicia uma gestão e ter a certeza de que ela gostaria muito de ver um filho aplaudido pelo que fez e não vaiado pela fantasia que vendeu.
Ah, mas foram gerados 24 mil empregos... Está bem. Melhor do que nada. Mas vai ver o valor do salário médio pago aos pais e mães. As famílias estão administrando poucos recursos financeiros e precisariam ter ao menos um bom serviço público para equilibrar a situação. É importante sonhar e seguir o caminho do sono, mas antes de tudo, é preciso deixar o caminho da realidade livre para a convivência do dia a dia. Este é o recado ao novo prefeito. Pensar na própria mãe.