Julho 2, 2024

Um monumento construído pela sensibilidade das famílias de ítalo-descendentes de Piracicaba

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Em memória aos 150 anos de imigração italiana no Brasil, os ítalo-descendentes de Piracicaba erguerão um monumento. Homenagem. O fluxo de pessoas que arriscaram suas vidas para ‘fazer a américa’ e aportaram no país no final do século XIX ajudaram também a ‘fazer a Noiva da Colina’.

A confluência cultural estabelecida entre italianos e caipiracicabanos na ocasião representou um salto substancial no desenvolvimento de Piracicaba, devido à obstinação de homens e mulheres que vislumbraram no ambiente local oportunidades não apenas para a sobrevivência como também para levarem a cabo projetos de larga envergadura.

Com a imigração italiana, portanto, Piracicaba se fortaleceu culturalmente, economicamente e socialmente, tornando-se impossível supor esta cidade sem elevada contribuição. Evidente que nem tudo foi simples e harmônico, mas o tempo ajustou o que havia de mais desalinhado e moldou os novos caipiras, com sotaques distintos, mas com o mesmo amor à terra.

A italianidade se fortaleceu nesse cadinho. Gerações de ítalo-brasileiros se formaram dando sequência a riquezas conquistadas pelos seus antepassados, o que justifica uma celebração pelo sucesso e pela vida. O que justifica também a convocatória das famílias piracicabanas para a construção deste monumento.

Monumento
As palavras-chaves para esta ocasião são participação e sensibilidade para perceber a grandeza de uma jornada de 150 anos. Com essa disposição e a certeza de que haja um fio condutor consistente entre o primeiro navio a atravessar o Atlântico, trazendo os italianos e seus sonhos, até o mais novo descendente das terras de Garibaldi, nascido no seio da terra de Nhô Lica, se pensa em uma confraternização entre dois povos, sintetizado em uma imagem que consolide essa bela saga.

O empresário, ítalo-descendente e artista plástico Palmiro Romani foi quem desenhou o projeto e doou à Società Italiana de Mutuo Soccorso di Piracicaba. Há um local em estudo, a ser aprovado em breve pela prefeitura de Piracicaba, onde o marco será instalado, com inauguração prevista para outubro deste ano (2024). O executor do projeto será o empresário Euclides Baraldi Libardi, dono da Fundiart, filho de brava gente italiana, que trouxe para Piracicaba a cultura da fundição artística, cuja empresa é reconhecida mundialmente. Para fechar este roteiro, falta apenas um passo: conquistar o coração e a mente dos descendentes de italiano que querem ter seus nomes na placa de homenagem.

Homenagem
O presidente da Società Italiana di Mutuo Socorso di Piracicaba, Juliano Meneghel Dorizotto, entende que um evento com essa grandeza só faz sentido se os ítalo-descendentes se sensibilizarem sobre este projeto e colaborarem. “Eles precisam participar e ter seus respectivos nomes gravados na placa que estará fixada no monumento. Queremos pessoas físicas, famílias de ítalo-descendentes envolvidas nessa missão, por isso temos insistido nas palavras sensibilidade e colaboração. Quem estiver interessado e puder contribuir, é só entrar em contato com a Società Italiana, o que deve ser feito até, mais tardar, no final de agosto. Estamos de braços abertos para formarmos a corrente que consolida esta trajetória de 150 anos e se sintetiza no monumento à italianidade”, concluiu.

Conceito da obra
Palmiro Romani (avós de Trecenta, Rovigo) estudou um pouco o cenário da imigração em Piracicaba para propor um Monumento aos Imigrantes. O resultado minimalista destaca as mãos trabalhadora e o cajado como apoio no cansaço, uma mala com poucos pertences e muito sonho. “A mala de mão é a síntese da aventura, porque muitos italianos chegaram sem nenhum pertence, na fé de que encontrariam tudo no Brasil, um novo mundo, terra do ouro, do alimento farto, o paraíso”, explicou”

Segundo ele, o cansaço da travessia, a busca por um ponto de apoio diante da insegurança, estão representados pelo cajado, que da terra se eleva como indicador ao divino. As mãos firmes seguram a mala e o cajado. Com isso, Romani conseguiu criar um clima ao mesmo tempo tenso, mas também de esperança. “Não criei um protótipo de italiano, porque ali poderia estar um homem, uma mulher ou até uma criança. Eram inúmeros os casos. Optei por algo sintético e abrangente, que captasse a força do processo, a emoção diante de uma nova porta que se abria. A força desse processo é a fé e o sonho por dias melhores para todos”, explica.

Euclides Libardi
Neto de italianos – Tirol (avô) e Mantova, Lombardia (avó), o empresário Euclides Libardi, responsável pela produção do monumento, disse estar feliz com a iniciativa, uma vez que Piracicaba ainda não tem nenhum marco dessa natureza. “Como estou sempre envolvido com objetos de arte, entendo que a obra de Palmiro Romani tem uma boa concepção e vai ficar bonita e bem representativa. A mala, as mãos e o cajado serão de bronze, bem como o mastro das bandeiras do Brasil e da Itália. Somente as bandeiras, propriamente ditas, serão de alumínio”, explicou. O monumento deve ficar pronto em outubro, mês em que se pretende fazer a sua inauguração e concluir essa homenagem, fruto da sensibilidade e da colaboração.

Romualdo Cruz Filho

Jornalista e, à moda antiga, leitor de livros de papel

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