Maio 19, 2024

Certos acontecimentos no mundo da política e da gestão pública nos deixam estarrecidos por serem excessivamente óbvios. Não deveriam consumir a energia que consomem e nem roubar tempo de vereadores e secretários. Mas, pelo ruído que acabam provocando, chamemo-los de quase notícia.

Qual é a questão? Como no ano passado houve atraso na distribuição do material didático para os alunos da rede municipal, a Comissão de Educação da Câmara Municipal queria saber do secretário de Educação, Bruno Roza, se o mesmo problema se repetiria em 2025.

As apostilas deveriam ter chegado aos alunos e professores em janeiro, no entanto, foram distribuídas apenas em março. A desculpa do secretário? Houve judicialização do processo de compra, o que atrasou o planejamento. Judicialização, por sinal, que deveria ter sido considerada como uma possibilidade. Mas, enfim.

O secretário, durante a reunião, na sexta-feira (3), explicou que “toda atividade do ano que vem é preparada pela nossa gestão e eu firmo o compromisso com esta comissão de que o material estará disponível aos professores em janeiro”.

Para dar esta brilhante resposta, Bruno Roza estava acompanhado, segundo o site do Legislativo local, pela equipe de gestão da secretaria e também pelo coordenador pedagógico do sistema Poliedro, Rogério Carvalho, e pelo diretor de negócios da empresa, Rodrigo Anunciato. A Poliedro é a empresa que ganhou a licitação e fornece as apostilas.

Bem, o governo Luciano Almeida começou em 2021, portanto, há três anos administra a cidade. Não faria sentido falar em uma gestão de secretário deslocada da gestão de governo. Mas cabe dar um crédito a Roza, uma vez que, se deduz, foi ele quem propôs o uso das novas apostilas implantadas.

Feita a licitação e com contrato vigente, não haveria motivo para atraso na entrega do mesmo material para o ano que vem. O secretário disse isso: “Agora o contrato está vigente, está pacificado e temos condições de fazer a requisição do material este ano para ser usado em 2025”. Garantiu ainda que o contrato com a Poliedro pode ser prorrogado por cinco anos.

A pergunta que se faz: Seria de fato necessária uma reunião na Câmara Municipal, com o deslocamento de uma equipe toda para dizer algo que poderia estar em um email ou em um WhatsApp? Gasta-se muita energia por algo sem sentido, o que acaba gerando uma “quase notícia”.

Para não ficarmos apenas na quase notícia, a matéria da Câmara Municipal é encerrada com um detalhe muito importante, mas colocada apenas como um apêndice: “O secretário e os membros da comissão devem retornar à escola visitada no início do processo de contratação do sistema de ensino para avaliar o resultado do trabalho desenvolvido ao longo do ano”.

Ora, não teria qualquer valor trocar as apostilas ou implantar um método pedagógico novo se não fosse para a melhoria do ensino. E como se mede isso? Com avaliação. Se a avaliação transparente e criteriosa apontar que de fato houve avanços, ponto para o governo. Se não houve avanço, estamos diante de uma conversa fiada, onde se perde muito recurso com ideias vazias e tempo, que vale ouro. A avaliação seria a notícia e é sobre ela que precisamos de mais detalhes.

Romualdo Cruz Filho

Jornalista e, à moda antiga, leitor de livros de papel

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