Maio 8, 2024

Afinal, quem está se beneficiando com esse concreto todo?

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É só caminhar pelo “concretão na beira do rio”, como classifica a vereador do PV, a nova ciclovia construída pela prefeitura, para saber logo de cara que aquilo seria fortemente criticado pelos ambientalistas. Como se diz na gíria popular, o prefeito sempre procura ‘sarna para se coçar’ e desnecessariamente.

Segundo o que se sabe, o trecho faz parte de uma ciclovia que deve fazer a ligação da Ponte do Morato (antes do Engenho Central) com o final da avenida Juscelino Kubitschek, segundo informações da própria prefeitura. Mas a ideia vai na contramão do que a região da Rua do Porto precisa. Cecílio Elias Netto tem razão quando diz que os políticos não compreendem os fundamentais valores dessa cidade.

As capivaras também não devem estar felizes com a iniciativa, que leva perturbação ao seu já restrito território. “Desde o início nos pronunciamos contra essa ciclovia do jeito que foi proposta. É um ‘concretão’ na beira do rio desviando de algumas árvores. Quem gosta de andar de bicicleta e de ir naquele local, gosta porque lá é rústico, com árvores, meio ambiente de beira de rio”, ponderou a vereadora.

Com total razão, a vereadora tocou em um ponto sensível ao meio ambiente. Logo ao lado da ciclovia há uma estrada antiga de chão batido, que dá perfeitamente para os ciclistas passearem ou até usarem para encurtar trajeto ao trabalho. Daria até para fazer um ‘concretão’ logo ao lado da estrada se fosse necessário, sem invadir a estreita mata ciliar.

Silvia Morales vai além: “É uma obra super mal-acabada, que tem um degrau. Tem um encanamento que leva do nada a lugar nenhum, onde vai parar a água”, acrescentou a vereadora.

Durante seu discurso, a parlamentar também relembrou que votou contrariamente à aprovação da obtenção de recursos via Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa), atualmente empregados em diversas obras da cidade, inclusive na ciclovia em questão.

Há uma outra ideia pela metade que precisa ser melhor explicada. O alargamento da Abel Pereira, ao lado da Pedreira, é muito estranho até para ciclista, porque se for feito ali uma faixa exclusiva para os bikers, eles terão que desviar dos postes, que continuaram no meio do caminho. Há, parece em uma primeira vista, risco de acidentes por causa desses desvios necessários.

Se a CPFL está com um projeto ousado de abaixar as árvores em todos os circuitos de sua rede de eletricidade, não faz sentido colocar esses postes para dentro do bosque do Parque dos Trabalhadores, porque muitas árvores iriam para o chão. Mesmo para colocar os postes sobre a calçada nova seria uma ideia meio luso-brasileira. Mas, enfim. O que sobra é mantê-las onde estão e colocar os ciclistas em risco. Vai saber.

Esse olhar não é pura pegação no pé, mas uma crítica à forma de trabalhar da prefeitura, que parece não dialogar com a sociedade. Só isso. Afinal, quem está se beneficiando com esse concreto todo?

Adendo

Cabe um adendo a este artigo. Estive no concretão hoje novamente, sábado (27), e observei que pelo menos uns 100 metros da nova pista seguem paralelos à estradinha antiga. Todo o seu trajeto poderia ter sido feito assim, sem perdas para o projeto do governo, que é gastar concreto. O restante do passeio serpenteia pela mata ciliar, já bastante fragilizada, agora ainda mais com essa iniciativa antiambiental.

Romualdo Cruz Filho

Jornalista e, à moda antiga, leitor de livros de papel

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