Maio 6, 2024

O site Antagonista informou que Xandão (ministro do STF Alexandre de Moraes) quis dar uma de xerife em território alheio (Congresso Nacional) e causou. Motivo da investida do careca? Arthur Lira (presidente da Câmara dos Deputados) ameaçou dar início à CPI sobre abuso de autoridade do Supremo. Suprema autoridade de Xandão, Gilmar Mendes, Dias Toffoli…

Os motivos do desacordo entre os poderes são, neste momento, duas questões: o projeto de lei que criminaliza o porte de drogas (no Senado, com Rodrigo Pacheco) e o fim do foro privilegiado, que tira do Supremo julgamentos de deputados e senadores, entregando a outras instâncias (projeto na Câmara com Lira). Ambos assuntos que não alegram o governo, nem os papas do STF, claro.

A briga envolve, evidentemente, um jogo complexo de poder, entre os donos do poder, que vai da influência para a liberação das emendas impositivas ao fim de mandato na câmara baixa e alta. Por isso, Lira e Pacheco precisam aparecer. Aparecer, nesse caso, é sinônimo de conquistar o apoio da direita, segundo Carlos Graieb, colunista do Antagonista.

A mesma análise, apesar de um tanto quanto subliminar, faz Eliane Castanhêde, do Estadão. ““Arthur Lira tem faro, sabe que a direita está se empoderando e tentou fazer uma inflexão não só ainda mais à direita, mas contra o governo e o próprio STF. Assim como ele, também o eleitor e a eleitora também têm faro e percebem muito bem como e para onde as coisas caminham”.

Mas não é somente tentando se impor no Congresso que os Ministros do Supremo agem. Foi vastamente noticiado o jantar com Lula, onde estavam lá Xandão, o decano Gilmar Mendes, Dias Toffoli etc. O assunto? A necessidade de construir barreiras que protejam a corte da rejeição nacional.

É impressionante a relação promíscua entre os poderes e como eles se apoiam para dar sequência às ações que levam à cabo contrariando princípios de representação. Mas é Brasil, onde Montesquieu não é conhecido, não é lido, e muito menos praticado. Evidente mente Gilmar Mendes, aquele que disse ter mergulhado na biblioteca do Senado para ensinar a Sérgio Moro a ser “um homem sem lacunas”, leu Montesquieu, ou o considera desprezível. Para um homem sem lacunas, talvez a segunda opção seja a mais correta. Estamos no Brasil, como se sabe, este é um país com alguns donos, como diria Raymundo Faoro. E os donos não são os brasileiros. São aquela meia dúzia de homens, ou um pouco mais, que estão em Brasília.

Romualdo Cruz Filho

Jornalista e, à moda antiga, leitor de livros de papel

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