Maio 12, 2024

O riso é um fármaco. Vamos rirrear de rir

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Deixar a política e o poder para aqueles que já se refestelam com a atual situação, com gordas vantagens e desprendimento. Este seria um caminho epicurista natural para evitar tamanho estresse e desencanto por parte dos brasileiros que sentem ojeriza a tudo o que acontece em Brasília.

Claro que aprendemos a rir de tamanha desfaçatez, tamanho descaramento. O desprendimento para sobreviver sem asco aos fatos brasilienses ganhou, evidentemente, dimensão de fármaco para o nosso dia a dia. Mas o riso tem limites?

É fato que os políticos profissionais nunca deixarão o osso e todo o esquema político e partidário, bem como as relações entre os três poderes, estão montados para beneficiá-los. O esquema foi arquitetado desde as sesmarias para funcionar assim e assim ad infinitum.

O Brasil promete um futuro glorioso aos brasileiros há tantos séculos e só vemos nossos sonhos se perdendo no sumidouro do espelho. Aldir Blanc já disse tudo, mas é preciso persistência para darmos um formato novo e claro aos desmandos do Planalto e à máquina de corrupção que o distrito se tornou. Porque a maioria das pessoas veem ainda apenas a superfície das notícias e se perdem nas fakes, achando tudo muito natural.

Fakes, por sinal, para tentar tornar o crime uma normalidade ou maquiá-lo. O pântano mesmo fica encoberto. Sendo assim, como deixar transparecer com uma lupa ainda mais forte algo que já nos parece tão evidente? Devemos insistir nas denúncias de tamanho descalabro, como diria Brizola? Haja criatividade.

Fala-se em narrativas, como se não houvessem criminosos, apenas narrativas. Sempre se falou em narrativas. Sócrates, o grego, foi à luta contra as narrativas, mas acabou talagando cicuta, por imposição dos poderosos.

Novo para nós são Dallagnol e Moro, com suas equipes do MP. Ao denunciarem publicamente a criminalidade instalada no poder federal, numa luta árdua contra as narrativas, não tiveram o mesmo destino de Sócrates, mas também foram colocados em uma masmorra, mesmo que imaginária, e isolados do ambiente do embate.

Lula, o Deus Sol dos petistas, poderia ter alguma percepção do ridículo que se tornou sua visão de mundo e tudo o que faz para destruir seus inimigos. No entanto, como diria Freud, ou melhor, Paulo Francis, ele nasceu sem superego. Por isso não consegue sentir vergonha, como a que o mundo civilizado sente dele. Vergonha alheia.

Não é só na ONU que ele escancara seu ridículo, na Vale também. Em todo lugar para onde voa e pisa. É uma fábrica de pensamentos e projetos ridículos. Bota na lista sua relação encantada com a ditadura cubana, venezuelana, russa, chinesa etc. Suas jogadas ensaiadas para destruir acordo entre França e Mercosul. Sua insistência em ter Mantega como CEO da Vale. A defesa dos terroristas do Hamas contra Israel. Parece não ter fim esse poço de indecência.

Veja o caso mais recente. Mesmo se tornando evidente o que a tal UNRWA com seus serviços de educação na Palestina se tornou mensageira de ideias terroristas contra os judeus, usada para promover o Hamas, o presidente do Brasil prefere defender decisão da ONU que alega ser Israel o praticante de genocídio. Para inverter os sinais, o PT, ou melhor, Lula, ou melhor, o PT, se tornaram (sem sic) pródigos em falcatruas intelectuais.

Com o poder em mãos, e muito dinheiro na caixinha, essas falcatruas parecem se tornar uma espécie de verdade quando reverberadas pelos publicitários do governo espalhados pela maioria dos veículos de comunicação do país. De tanto repetir, as mentiras vão colando e a desinformação geral só cresce diante de nossa impotente reação. O riso é um fármaco, mas até quando?

As pesquisas indicam que a imagem de Lula vem piorando perante a opinião pública. Há sempre aquela impressão de que um dia a máscara vai cair. Quem o substituiria nesse caso? Bolsonaro. Meu Deus. Seis por meia dúzia. Futuro glorioso, hein seu Jaime!

Nos resta a oração e uma dose reforçada de desprendimento para vermos tudo isso como sendo natural. Haja fármacos. Se só rir não basta, façamos então como o mestre Chico Anysio e vamos rirrear de rir.

Romualdo Cruz Filho

Jornalista e, à moda antiga, leitor de livros de papel

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