Maio 12, 2024

Hoje se fala muito em direita e esquerda. Este é reacionário, aquele é progressista. Este é liberal, aquele é conservador. Mas no fundo pouco dizem essas palavras de significativo para se medir a grandeza ou a pequenez de uma pessoa. Passam os rótulos, fica o humano.

É chato até repisar essa discussão, porque ela já está desgastada demais. O que se tem na prática é a velha e boa tese que se reproduz ad nauseam: ‘Se pensa como eu penso, está comigo; se pensa diferente, é meu inimigo’. Não falo nem mais adversário, porque na política atual o que era adversário tornou-se inimigo, o que é gravíssimo.

Quando este jornalista expõe sua visão sobre o presidente Lula e como ele vê o mundo, por exemplo, enfatizando que ele apoia governos ditatoriais e que tal postura não é nada lisonjeira, não há absolutamente nenhuma mentira nisso. Só não enxerga quem não quer. Que ele foi preso por liderar esquema de corrupção, nem o STF desmente.

O que se discute é a forma como ele foi julgado, não o crime que cometeu. Tanto é que todas as condenações de Lula foram derrubadas alegando-se que o processo legal foi corrompido em sua forma e não em sua essência. O que também é discutível. A sociedade sabe disso. Basta analisar a queda da popularidade do magnânimo.

Quando o site Viletim publica que a USP está fazendo política de má qualidade ao criar banheiro coletivo, para homens e mulheres, não existe nada de errado nessa observação. Apenas o cartaz precisaria ser melhorado para o entendimento ser diferente. Porque na prática, como está na divulgação, criou-se banheiros compartilháveis por homens e mulheres. Desde o tempo do Zagaia era assim. Mas a sociedade anda bem mais complexa.

‘Há, mas temos de respeitar as minorias’, pode-se afirmar. Claro que sim. Mas temos que respeitar também a maioria. Ou não? Não pode ser um processo impositivo, uma decisão unilateral, sem exigência legal. Uai, constrói-se um terceiro banheiro, para todos aqueles que se identificam como sendo do sexo diferente daquele que biologicamente é. Sem problemas. Assim respeita-se a todos, progressistas e conservadores. Por isso fica evidente que a USP fez o que fez apenas para provocar e não resolver.

Não estou falando absolutamente nada que conflite com qualquer outro tipo de opinião. Precisamos saber avaliar melhor se o pensamento diferente é por falta de noção do que se fala ou pelo fato de o defensor da mesma estar em uma frequência diferente do outro, propondo um diálogo. O que não dá para tolerar é a lacração, tipo, ‘não pensa como eu, vamos eliminá-lo, independente do que diz’.

Antes de tudo, princípio ético e moral, depois a análise do conteúdo que o pensamento diferente traz à discussão. O embate tem que ser nesse nível. Mas quando se trabalha com ideias fora do lugar, com dogmas, com rancor e tenta se impor no grito ou no efeito manada, visando isolar o adversário intelectual, isso não, violão.

Romualdo Cruz Filho

Jornalista e, à moda antiga, leitor de livros de papel

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