Primeira pesquisa eleitoral em Piracicaba. O que os resultados dizem?

Diz o bom-senso que não se deve brigar com pesquisas. Principalmente para um jornalista, o mais razoável é tentar entender os motivos de tais resultados e o que eles querem dizer. Evidente que qualquer pesquisa feita neste momento, tão longe das eleições, vai redundar em um cenário de ampla indefinição do eleitorado. Principalmente em Piracicaba, onde concorrem seis pré-candidatos com elevado potencial de crescimento e reconhecidos pela experiência em campanhas eleitorais.

Esta observação fica evidente quando analisamos a pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas, divulgada hoje (3), que traz um volume muito elevado de eleitores indecisos. Ou seja, 66,7% dos entrevistados não souberam responder em quem votariam ou não quiseram responder. Esta informação é suficiente para afirmarmos categoricamente que o jogo está apenas começando. Está tudo em aberto.

Claro que a liderança de Barjas Negri (PSDB), com 48,9% das intenções de voto, considerando-se a pesquisa estimulada – que é aquela em que o entrevistador apresenta o nome de todos os pré-candidatos ao entrevistado -, é motivo de comemoração para os tucanos e seus aliados. Mas não garante nada. Visto pelos extremos, pode indicar tanto seu potencial para ganhar a eleição logo no primeiro turno, como para nem participar do segundo turno.

Barjas é um nome vastamente conhecido na cidade. Foi prefeito por três mandatos e presencia um momento em que o candidato que o venceu na eleição anterior está, segundo a Paraná Pesquisas, com seu nome na bacia das almas, na última posição. O eleitorado, descontente com o atual governo, vai se lembrar automaticamente daquele em que não votou no segundo turno da eleição passada. No caso, Barjas Negri.

Os demais candidatos estão se organizando para a campanha e são todos experientes no ramo. É difícil até imaginar que em um cenário com tantas possibilidades não haja segundo turno. Considerando-se as estimuladas, Paulo Campos, neste momento, disputaria o segundo turno com Barjas Negri, uma vez que ele obteve 11,4%. Mas Alex Madureira (PL) vem em um crescendo significativo. Na pesquisa espontânea – quando se pergunta apenas ao eleitor em quem ele votaria, sem apresentar a ele os nomes dos pré-candidatos –, o deputado estadual aprece em segundo lugar, com 2,6%, atrás apenas de Barjas Negri, que obteve 16,9% na mesma espontânea.

O cenário se complica quando consideramos Helinho Zanatta (PSD), que está fazendo uma campanha com fôlego de fundista e pode surpreender. Ele, apesar de ser o menos conhecido na cidade, mesmo sendo deputado estadual pelo município, aparece em terceiro lugar, considerada apenas a pesquisa espontânea, e tem a menor rejeição. Mas se o eleitorado está começando a acordar apenas agora para o processo eleitoral deste ano, nada mais natural que Helinho Zanatta também comece a ganhar visibilidade e cresça nas próximas pesquisas.

A professora Bebel, do PT, é o caso mais emblemático, no meu entender, uma vez que seu perfil não se enquadra na perspectiva da média do eleitorado da cidade, considerado conservador. Com a queda de popularidade de Lula, acho pouco provável que o nome de Bebel siga caminho contrário ao do seu líder maior. Mas tudo é possível. Estamos apenas no início de uma longa jornada e não podemos nos esquecer que estão em ação profissionais do metiê.

Claro, finalmente, falemos de Luciano Almeida (PP). Ele está em uma situação bem crítica, se a pesquisa estiver correta, com apenas 1% dos votos espontâneos. Possivelmente sua rejeição elevada (58,1% segundo a pesquisa) esteja ainda relacionada aos seus dois primeiros anos de governo. De lá para cá muitas coisas mudaram, no entanto, tudo indica que, mesmo com a melhora da administração, sua imagem não acompanhou no mesmo sentido. Ele é o homem que está com a máquina pública na mão e só tempo dirá o que ele será capaz de fazer com esse privilégio.